Bula de Livro: Derrubar Árvores, de Thomas Bernhard

Bula de Livro: Derrubar Árvores, de Thomas Bernhard

Décimo sétimo (17º) livro lido, em 2023: “Derrubar Árvores”, do austríaco Thomas Bernhard. Em poucas palavras: escrito em um paragrafo único e descrito por Harold Bloom como o melhor livro do autor, o romance é uma crítica severa, mordaz e hilária contra tudo e todos, sobretudo a classe intelectual austríaca, com quem, no fundo, o autor mantém uma relação de amor e ódio.

Thomas Bernhard

Convidado para participar de um jantar artístico, no qual um ator de teatro seria homenageado, o personagem-narrador, por meio de digressões mentais, lança uma diatribe selvagem sobre seus anfitriões e todos os convidados — destilando rancores guardados por 30 anos: “Por um instante, fazemo-nos sentimentais, somos tomados do sentimentalismo mais nojento, cometemos o crime da burrice e vamos aonde jamais deveríamos ter ido, ao encontro até mesmo de gente desprezada e odiada.”

A misantropia do narrador é tamanha que, ao contrário de nos repelir, nos aproxima e, de alguma forma, nos cativa — e, assim como ele, à medida que lemos, começamos, também, a odiar a cada um dos personagens retratados: “O tempo todo, essas risadas já haviam me dado nos nervos, porque eram risadas a um só tempo completamente vazias e estúpidas, como é muito frequente ouvirmos hoje em dia, quando em companhia de gente jovem: vazias, burras e obtusas”.

Thomas Bernhard construiu uma obra-prima atemporal, um manual das ilusões artísticas, do cinismo integral, dos convescotes sociais e da empáfia cultural, que, quase sempre, caminham ao lado da mediocridade. Um livro magnífico, obrigatório. Nota: 10


Livro: Derrubar Árvores: Uma Irritação
Autor: Thomas Bernhard
Tradução: Sergio Tellaroli
Páginas: 188 páginas
Editora: Todavia
Nota: 10/10