Suspense argentino da Netflix vai te intrigar e te manter paralisado com os olhos grudados na TV Divulgação / Netflix

Suspense argentino da Netflix vai te intrigar e te manter paralisado com os olhos grudados na TV

Suspense policial de Alejandro Montiel, “Desaparecida” gira em torno de Pipa (Luisana Lopilato), uma investigadora da polícia obcecada por uma história de seu passado. Quando adolescente, viajou com outras quatro amigas para a Patagônia. Após irem até uma boate local, sua melhor amiga, Cornelia (Mora Magnarelli), desapareceu. O caso jamais foi solucionado e a adolescente foi dada como morta. Quatorze anos mais tarde, uma missa em homenagem à menina desperta em Pipa a vontade de reabrir o caso. Especialmente depois que a mãe (María Onetto) de Cornelia a procura para pedir por um desfecho.

Mesmo contra a vontade de seu chefe, Oreyana (Rafael Spregelburd), Pipa decide remexer nos arquivos policiais e empreender uma investigação pessoal para esclarecer os eventos que levaram ao sumiço da amiga. Conforme se aproxima dos envolvidos, se vê enrolada em uma rede de tráfico de mulheres, cujo líder, Egípcio (Pedro Casablanc), não tem escrúpulos ou emoções. Uma de suas coordenadoras é Nadine (Amaia Salamanca), uma mulher fria e misteriosa, que parece ter alguma ligação com a história de Cornelia.

Apesar de ser aparentemente complexo, o enredo é bem fácil de entender e, até mesmo, um pouco previsível. Mesmo assim, “Desaparecida” entrega entretenimento ao nos conduzir pelos enigmas que se desenrolam diante de Pipa, que está completamente envolvida emocionalmente com sua busca. Baseado no romance de Florencia Etcheves, chamado “Cornelia”, a narrativa nos traz elementos bastante reais e terríveis, no que diz respeito ao sequestro e abuso sexual de mulheres. É claro que com um tema tão pesado, o filme possui muitas cenas de violência e, até mesmo, uma cena explícita de estupro que pode ser bastante chocante para quem assiste.

Assim como na série “Inacreditável”, o caso parece ser deixado de lado por uma espécie de desinteresse policial em se aprofundar nas evidências. Só uma mulher, e neste caso ligada à vítima, parece ter disposição para ir à fundo e desenterrar o passado para encontrar as respostas. Se não fosse por Pipa, a morte de Cornelia seria justificada por um ataque de urso na floresta ou algo do tipo. Mas sua ânsia por saber da verdade a leva até ao desmanche de uma perigosa máfia que continuava a sequestrar e dar um fim em meninas e mulheres.

Mas o filme de Montiel ainda cria uma espécie de anti-heroína em Nadine, que prefere ser chamada de Sirena, uma mulher infiltrada no tráfico e que cuida, como pode, às vezes não tão bem, das mulheres que estão sob sua responsabilidade. Ela tem de lidar com a truculência e violência dos homens que a cercam, mas tem conseguido sobreviver fazendo um tipo de jogo duplo. Vestindo lenços e sobretudos, ela quase uma Carmen Sandiego e que consegue manipular os acontecimentos ao seu redor.

A história possui muitos personagens interessantes e que poderiam ser melhor explorados. É o tipo de filme que, inclusive, merece suas sequências “Presságio” e “Retorno”, porque dá ao público uma oportunidade de um olhar mais aprofundado sobre essas personas, especialmente as mulheres, que possuem opiniões tão fortes e simplesmente controlam os homens ao seu redor.


Filme: Desaparecida
Direção: Alejandro Montiel
Ano: 2018
Gênero: Thriller/Policial/Crime/Suspense
Nota: 7/10