Prisões, açougues e democracia

Prisões, açougues e democracia

A impressão é que o mundo, hoje, sofre de uma síndrome de não-pertencimento, mas a coisa não é tão chique assim. Denominar dessa forma é quase dar uma transcendência para algo que não é coisa alguma. O mundo sofre mesmo de bursite tecnológica, vivemos na era das bolhas digitais. O anacronismo é geral, não são apenas as medalhas e as honras aos méritos dos medíocres que perderam o sentido, os lugares e oráculos do século 20 não existem ou não tem mais necessidade de existir.

A ética de ‘La Casa de Papel’ e a perfeita definição de mocinho e bandido Divulgação / Netflix

A ética de ‘La Casa de Papel’ e a perfeita definição de mocinho e bandido

O cinema espanhol conseguiu realizar a série de streaming mais perfeita que existe, “La Casa de Papel” (2017). A perfeição a que me refiro não tem a ver com técnica (que interessa ao crítico de cinema), e sim com sagacidade. Criada pelo produtor e diretor Álex Pina, esse misto de suspense e drama — cuja linearidade é interrompida por flashbacks — é sobre um assalto na Casa da Moeda da Espanha por um grupo de oito criminosos mascarados de Salvador Dalí.

Escuro, pesado e violento, filme na Netflix vai te fazer esquecer a pipoca, morder a língua e se contorcer no sofá Divulgação / IFC Films

Escuro, pesado e violento, filme na Netflix vai te fazer esquecer a pipoca, morder a língua e se contorcer no sofá

Um homem segue sua vida da maneira mais singela possível, tentando superar traumas e esquecer os velhos rancores de um tempo aparentemente morto, mas essas questões mal resolvidas de seu passado, como sói acontecer, voltam a assombrá-lo. Paul Solet lança mão de um argumento simples, mas poderoso, e elabora “Passado Violento” sob o ponto de vista desse personagem, abalado pela mágoa, mas sólido o bastante para enfrentar seus fantasmas.

O filme na Netflix que vai te manter com os olhos grudados na TV e o coração saindo pela boca Peter Mountain / Paramount

O filme na Netflix que vai te manter com os olhos grudados na TV e o coração saindo pela boca

O horror e as muitas controvérsias em torno da Segunda Guerra Mundial, momento em que perderam a vida mais de sessenta milhões de pessoas — sendo quarenta milhões civis —, devem ser tomados a sério, mas chega uma hora em que a mera ficção e o humor se impõem. Em “Operação Overlord”, o diretor australiano Julius Avery usa de leveza para falar sobre um ponto-chave para o bom desfecho do conflito, e mesmo assim sempre restam lições a absorver.