Pedindo vista na vida

Pedindo vista na vida

Volta e meia rola um desses julgamentos importantes que fazem a gente perder um tempão esperando o voto de um juiz do Supremo, tempo que seria muito mais bem gasto vendo dancinhas no TikTok. E é nesses momentos que muitas vezes acontece algo, que só é inusitado para a gente, porque é bem comum no STF: um dos juízes pede vista do processo.

O juiz então se levanta, tomando cuidado para não tropeçar na capa, coloca o processo debaixo do braço e leva para casa para estudar melhor. Às vezes vossa excelência mesmo com o resultado já definido, pede vistas do processo. E ele pode ficar o tempo que quiser estudando o caso, não é como uma prova, que tem data e você tem tempo para estudar a matéria. Não, o juiz pode ficar vendo um monte de séries, pode assistir todos os VTs dos jogos do time dele no último campeonato, pode adiar à vontade o estudo do caso para proferir o seu voto.

Pois esse negócio de pedir vista sempre me revoltou. Pô, não teve tempo de estudar, diz que não rolou, que não pode votar, mas levar para casa depois de já estar tudo decidido? Mas aí eu comecei a pensar de outra maneira. Em vez de lutar contra esse mecanismo estranho da Justiça Brasileira, vamos nos adaptar a ele. Se você pensar mais amplamente, com a cabeça aberta, esse negócio de pedir vista, botar o processo debaixo do braço sem prazo para devolver pode ser interessante.

Por que a gente não adapta isso para a vida? Já pensou? A prova do concurso está na sua frente, você não sabe responder nenhuma questão. Aí você pede vista para estudar mais em casa. Não é uma boa? O boleto chegou e você não tem como pagar? Pede vista!

O banco cobrou uma parcela de um empréstimo? Pede vista! O patrão te mandou embora? Pede vista!
A namorada te deu um pé na bunda? Pede vista! O teu time está prestes a cair para a segunda divisão? Pede vista! Pedir vista é uma ideia maneira.