A ciência, sem dúvidas, conduziu a humanidade por caminhos de progresso, prolongamento da vida e descobertas reveladoras sobre o passado e o futuro. A ciência iluminou os caminhos da humanidade e possibilitou a criação de vacinas e novos tratamentos revolucionários para doenças mortais, enviou o homem para o espaço, expandiu as possibilidades de comunicação e reduziu o tempo e o custo para aproximar seres humanos de diversas partes do planeta. Nossa vida é maravilhosa graças à ciência e pode ficar ainda melhor.
Durante uma parte dos anos 1990 e início dos 2000, um dos assuntos mais falados entre cientistas era a replicação de pessoas. Com o nascimento de Dolly, primeiro mamífero clonado, começou-se a especular sobre uma possível recriação de seres humanos e sobre a ética disso. Enquanto uns viam isso como o futuro da imortalidade humana, outros condenavam e diziam que os cientistas queriam brincar de Deus.
Em “O Rei dos Clones”, o documentarista Aditya Thayi explora a carreira do doutor Woo Suk Hwang, um controverso pesquisador sul-coreano que atuou como professor de teriogenologia e biotecnologia na Universidade Nacional de Seul. Ele foi pioneiro nos estudos de clonagem de células-tronco, até que em 2006, ele foi desmascarado por jornalistas por fraude científica.
Não é que o doutor Hwang não seja quem diz ser. Ele é realmente um homem com um vasto conhecimento no campo e explorou caminhos sérios e inovadores em seus estudos. Durante um tempo, ele se tornou uma celebridade mundial e uma das pessoas mais importantes da Coreia do Sul. Suas descobertas elevaram o nível da conversa sobre a cura de doenças por meio de órgãos clonados transplantados.
Seu trabalho era tão sério, que ele foi premiado e ganhou bilhares de wones de investimento em suas pesquisas. No entanto, as coisas começaram a desandar quando sua ética foi questionada. O doutor Hwang ganhou status de celebridade e aparecia constantemente na mídia. Seu ego era massageado com entrevistas coletivas e reportagens que o pintavam como um gênio. Ele começou a fazer promessas fora de sua alçada e a projetar resultados sensacionalistas. O doutor Hwang chegou a se comprometer a fazer pessoas paraplégicas ou tetraplégicas voltarem a andar depois de seus estudos sobre biologia molecular.
Quando ele saiu da clonagem de animais para clonagem humana, o doutor Hwang conseguiu 16 mulheres doadoras de mais de 240 óvulos. É assim que a clonagem funciona, ela precisa de óvulos para a fertilização de embriões clonados, que fornecerão as células-tronco. Os primeiros questionamentos que surgiram, a partir de uma matéria sugestiva na revista Nature, era sobre como ele conseguia esses óvulos. A matéria sugere que ele tenha coagido mulheres a serem doadoras, já que o processo é muito doloroso, complexo e arriscado.
Depois, quando os estudos do doutor Hwang foram divulgados, um ex-cientista que viu as fotos enviadas pelo laboratório do pesquisador para a revista Science questionou uma suposta manipulação das imagens. Não demorou para que ele fosse desmascarado por fraudar os resultados de seus estudos.
O escândalo o levou para o mar do esquecimento e a sair da Academia para trabalhar como veterinário. O documentário de Aditya Thayi percorre a trilha pelos caminhos de Hwang da ascensão à queda. Explora por meio de entrevistas recentes e antigas, reportagens de jornais, filmagens e muitas imagens que facilitam a compreensão dos espectadores sobre os temas complexos abordados.
Sem dúvidas, o filme é um material excepcional para conhecer um pouco mais sobre clonagem e sobre a história de Hwang. Então, se você é um ser humano curioso e adora curiosidades científicas, vai se divertir e se enriquecer com esse documentário.
Título: O Rei dos Clones
Direção: Aditya Thayi
Ano: 2023
Gênero: Documentário
Nota: 8/10