Filmes

Luis Gnecco é perseguido por Gael García Bernal em “Neruda” (2016). É uma perseguição cinematográfica e não histórica, naturalmente. O poeta senador e comunista tenta escapar em 1948 de seu personagem, o policial filho de dama de cabaré. O filme mostra as várias versões do chileno Nobel de Literatura. O ídolo popular, o devasso de muitas mulheres, o escritor que sofre ao compor seus poemas, o arrogante cobrado por seus camaradas de partido.

Viajar no tempo é uma das fantasias mais cobiçadas do ser humano. Afinal, corrigir erros do passado, ver os números da loteria, aproveitar momentos especiais com alguém que já se foi, dizer ‘eu te amo’ para evitar perder a pessoa amada. Há muitas coisas que gostaríamos de ter feito, mas que perdemos a oportunidade e a vida não nos deu outra chance. O cinema permite levar nossa imaginação pelos caprichos mais desejados do coração humano e “Como Nos Conhecemos” é uma deliciosa jornada para dentro dessa preciosa ilusão.

Fronteira é território dividido entre identidades opostas e misturadas de nações. Na cultura é quando um paradigma entra em confronto com sua superação. No cinema é a briga entre indústria e experimentalismo, entre concessão e ruptura. Godard reportou o limite do cinema, Alejandro González Iñárritu quebrou a linha divisória em “Bardo — Falsa Crônica de Algumas Verdades (2022, Netflix). Ele se joga na terra de ninguém vislumbrada além-fronteira. Estaria no México ancestral destruído pelo conquistador espanhol Hernán Cortés? Ou na nação que perdeu metade do seu território na guerra contra o invasor americano? Ou estaria na porção mexicana roubada pelos Estados Unidos?

O cinema é das manifestações artísticas que o gênio do homem ousou criar mais afetas à filosofia. Reunimos sete títulos em que, de uma forma mais sutil, como no drama “Meu Lugar”, do taiwanês CJ Wang, ou com violência, caso de A Ausência que Seremos (2020), do espanhol Fernando Trueba, o conhecimento une-se ao amor, na vã esperança de que o homem não sofra, o que só pode acontecer quando renunciar ao conforto de seus erros. Os filmes, todos no acervo da Netflix, estão elencados do mais recente ao lançado há mais tempo.

Em sua versão sobre uma das personalidades mais brilhantes e controversas do século 21, Joshua Michael Stern tece um perfil biográfico altamente romanceado de Jobs, ora expondo o que hoje se define por toxicidade do homem por trás da Apple, ora enaltecendo sua capacidade de recapitular — extintas todas as outras possibilidades — e admitir erros, o que não deixou de ser uma atitude voltada a sua própria sobrevivência mercadológica e à manutenção de seu império.