“O Enfermeiro da Noite” (2022) é a história de um assassino em série devotado, que foi deixando um rastro de mortes ao longo de mais de sete anos, mas principalmente o tributo a uma mulher singular. O diretor Tobias Lindholm é hábil em manipular o foco do espectador para uma direção e, aos poucos, fazê-lo notar a grande personagem que deixa a o segundo plano e ocupa o centro do roteiro de Krysty Wilson-Cairns, baseado no livro homônimo de Charles Graeber sobre um evento melancolicamente verídico.

Indicado a cinco categorias no Oscar e ganhador de três estatuetas, “Whiplash”, filme dirigido e inspirado em fatos da vida de Damien Chazelle mostra que como a paixão e obsessão pela música reverberam de maneiras muito distintas para o interlocutor e para o receptor. Enquanto para quem escuta é um momento de êxtase, para quem faz é uma dor, um parto, um sacrifício, que o vulnerabiliza e o faz abdicar de quase todo o resto de sua vida.

Um incrível thriller psicológico que vai exigir mais da sua atenção, “O Farol”, de Robert Eggers, transpõe as barreiras do cinema e chega à teatralidade e mitologia. Com atuações incríveis e avassaladoras, a produção gira em torno de apenas dois personagens à beira da loucura e que quase nos conduzem ao abismo da insanidade juntos. Um filme experimental, uma homenagem ao expressionismo alemão e uma obra de arte excepcional que merece ser ovacionada.

É pela seara espinhosa dos segredos de um ditador colérico que Renato De Maria se embrenha. O italiano, diretor de “Roubando Mussolini” (2022), ataca o fascismo por um de seus pontos mais fracos (e menos conhecidos), a partir de uma sofisticada alegoria, em que um dos líderes mais truculentos da Europa é mostrado como um sujeito de ambições desmesuradas, além de um hipócrita, dado a sustentar amantes ao passo que se anunciava um ferrenho defensor do que entendia como “moral e bons costumes”.