Entre truques sentimentais e mentiras bem ensaiadas, “Tangos, Tequilas e Algumas Mentiras” transforma o clichê da comédia romântica em uma batalha de egos, sotaques e farsas. No embate entre um argentino emocionalmente estagnado e uma mexicana viciada em invenções, o filme encontra sua força no exagero e na ironia, sem medo de rir do absurdo que é tentar amar com máscaras demais.
Guiado por vídeos deixados pela mãe pouco antes de morrer, uma jovem se vê forçada a retomar uma antiga lista de desejos para ter acesso à herança. O que começa como uma obrigação se transforma numa travessia emocional entre luto, amores ambíguos e sonhos esquecidos. “A Lista da Minha Vida” trafega entre leveza e imposição, oferecendo uma reflexão sutil sobre as formas silenciosas de controle sob o disfarce do afeto.
Lanie Kerrigan é uma estrela de telejornal moldada para brilhar, mas cuja vida controlada desmorona quando um desconhecido prevê sua morte em sete dias. Forçada a confrontar o que há por trás de sua imagem perfeita, ela embarca em uma corrida contra o tempo que revela tanto sua fragilidade quanto os limites das aparências. Uma comédia dramática que flerta com a autenticidade, mas hesita em mergulhar fundo.
Esqueça as renas fofas e os sinos cintilantes: em “Noite Infeliz”, o Natal é invadido por sangue, sarcasmo e marteladas brutais. Nesta mistura insana de “Duro de Matar” com “Esqueceram de Mim”, David Harbour encarna um Papai Noel decadente que troca a ternura por violência para proteger uma menina em perigo. Um conto natalino perverso, grotesco — e, surpreendentemente, catártico.
Damián Szifron embaralha as fronteiras entre normalidade e desvario ao construir uma antologia onde o colapso emocional é apenas questão de tempo. “Relatos Selvagens” é um mergulho eletrizante nas rachaduras da vida moderna, onde pequenos atritos se transformam em detonações morais, e a vingança, longe de ser exceção, se revela como resposta visceral, feroz e muitas vezes libertadora diante do absurdo cotidiano.
