Filmes

Mirando um episódio fora do comum, sobre o qual se projeta uma lupa, “A Viatura” (2015) disseca segmentos ocultos da alma do homem — de um homem em especial. O filme de Jon Watts preza por esgotar todas as possibilidades de se conhecer o que fica por trás das aparências respeitáveis de tipos como este, um verdadeiro mestre na grande arte de iludir criaturas ingênuas, até que tropeça em sua própria autoconfiança.

Sabe aquela memória da infância que mistura realidade e imaginação e faz bater uma saudade da família reunida em casa, das refeições à mesa, de todos sentados juntos de frente para a televisão? Você se lembra daquela vez que pegou no sono e foi levado pelo seu pai nos braços até a cama? Em “Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial”, todas as lembranças carinhosas de quando você era criança virão à tona.

Ser sério pode até inspirar respeito, compromisso e responsabilidade, mas devemos ter um pouco de calma e de humor. É preciso abrir mão um pouco para a vida, deixar algumas coisas fluírem naturalmente e rir da própria desgraça. Espontaneidade é a chave para vencer a ansiedade. Tudo que você faz pressão, estoura. Se estica demais a corda, ela arrebenta. Então, sente-se um pouco no sofá, solte esses ombros tensos e curta um filme leve e despretensioso na Netflix.

“King: Uma História de Vingança” (2016) é exatamente o que sugere o título, mas não só. No filme, Fabrice Du Welz capta à perfeição o espírito de autopreservação de um homem, mesmo que já tenha perdido boa parte de tudo quanto poderia socorrê-lo em sua busca por dignidade. Demora, mas o anti-herói da história percebe que brigar de igual para igual não é a melhor saída. É preciso ter o sangue frio de seus inimigos para que seu plano de desforra prospere.

“Rust Creek” (2018), da diretora Jennifer McGowan, deu um bem-vindo tranco nos canalhas de plantão ao falar de empoderamento feminino, violência sexual, provincianismo e tráfico de drogas de uma maneira nada vulgar. Refutando os tantos lugares-comuns do gênero, em seu filme McGowan passa longe de assassinos em série à espreita da próxima vítima, litros de sangue que esguicham de jugulares copiosamente, vísceras arrancadas depois de rituais satânicos.