Num tribunal onde a fama vale mais que a verdade, duas mulheres disputam holofotes com sangue nas mãos e jazz nos passos. Inspirado em casos reais dos anos 1920, “Chicago” satiriza com brilho e acidez o espetáculo da justiça manipulada pela vaidade, pela mídia e pelo oportunismo. Tudo é performance — até o crime — e a absolvição depende apenas do número certo.
Esqueça as renas fofas e os sinos cintilantes: em “Noite Infeliz”, o Natal é invadido por sangue, sarcasmo e marteladas brutais. Nesta mistura insana de “Duro de Matar” com “Esqueceram de Mim”, David Harbour encarna um Papai Noel decadente que troca a ternura por violência para proteger uma menina em perigo. Um conto natalino perverso, grotesco — e, surpreendentemente, catártico.
Há personagens que não precisam de tecnologia futurista, traumas fundadores ou armaduras indestrutíveis para exercer fascínio. O Zorro — com sua capa, sua espada e a letra “Z” cravada em movimentos certeiros — é um desses. Quando “A Máscara do Zorro” chegou aos cinemas, em 1998, poderia ter sido apenas mais uma releitura previsível de um mito esgotado. Em vez disso, revelou-se uma narrativa com fôlego, estilo e uma rara inteligência na forma de revisitar o arquétipo do justiceiro mascarado.
Com ares de romance bucólico e atmosfera faroeste domesticada, “Ransom Canyon” aposta em triângulos amorosos previsíveis, heranças emocionais não resolvidas e rivalidades familiares suavizadas. A série tenta equilibrar a estética de “Yellowstone” com a leveza de “Virgin River”, mas entrega um drama que prefere a segurança do genérico à profundidade do autêntico, resultando em um enredo que se dissolve tão rapidamente quanto é absorvido.
Robert DeShaun Peace (1980-2011) tentou, mas sucumbiu ao peso de uma história que nem era a dele. Lamentavelmente, “Rob Peace” não tem final feliz, mas assim mesmo parece um conto de fada inspirador e de excelso alcance filosófico, graças à direção bem-cuidada de Chiwetel Ejiofor, que não deixa seu filme resvalar para uma leitura sensacionalista de um drama que sempre há de incomodar seus personagens reais.
