‘Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu’
Olhar através do buraco da fechadura parece um tanto excitante. Há em nós um espectador “voyeur”, passeando pelas inúmeras janelas indiscretas da internet e das relações cotidianas. Vídeos vazados, nudes, batida de carro, briga de vizinho — dramaturgia sedutora e instigante estimulando a mirada. Para alguns, não há diversão maior do que a novela da vida alheia. É inegável: observar o outro secretamente é tão provocante quanto acompanhar a dança que o olhar da câmera do Hitchcock executa.