Autor: Karen Curi

Seja sua própria âncora. Se não te faz bem, cai fora

Seja sua própria âncora. Se não te faz bem, cai fora

O tempo não para. A vida não pausa. Dizem que o que é nosso está guardado, mas os donos da mesma retórica dizem, também, que milagres não caem do céu. Então, por via das dúvidas, entre ir ou ficar, eu decido partir. Prefiro pecar por excesso a errar por falta, e fazer a parte que me compete com a pressa dos que correm atrás da própria felicidade. Fujo da vida ao mesmo tempo em que me apresso para viver.

Feliz Dia dos Namorados ao namorado que eu ainda não tenho

Feliz Dia dos Namorados ao namorado que eu ainda não tenho

Ou a vida não tinha passado por mim, ou eu ainda não tinha passado pela vida. Das duas, uma. Tanta gente celebrando o amor, jurando a eternidade em olhares líquidos e beijos inebriantes, entre alento, calentura e umidade. Como eu gostaria de estar ao teu lado e fazer as tolices românticas das quais me rendo à graça, cometer as sandices de um amor escandaloso e escancarado, me entregar como propriedade exclusivamente tua e te chamar de meu no alto da autoridade de um reinado só nosso. Se existe a tal da inveja branca, essa é a minha. Assumo, sem o menor pudor, do quanto eu gostaria de ter você aqui comigo, mesmo sem — ainda — ter te conhecido.

Esperar dói, mas desistir dói mais ainda

Esperar dói, mas desistir dói mais ainda

Temos pressa. A comida é fast, o e-mail é urgente, o macarrão é instantâneo, a reunião é de emergência. Se o livro é chato, paramos de ler. Se o filme é ruim, mudamos. Se não gostamos da música, trocamos. Não aguentamos esperar ao telefone, nos irritamos quando não nos atendem imediatamente no restaurante, na loja, na fila do supermercado, na consulta médica. Porque a nossa fome é maior, a nossa saúde é mais importante, o nosso apuro é impreterível. Não suportamos atrasos, mesmo que — sem admitir — sempre estejamos atrasados.

O homem só percebe o quanto é humano quando sente dor

O homem só percebe o quanto é humano quando sente dor

De que adianta mudar a foto de perfil quando surge alguma campanha, quando, na verdade, nós não nos mudamos por dentro? Não nos trocamos, não nos reformamos. Levantamos bandeiras pelas mais diversas causas e não ajudamos quem está ao nosso redor. Sequer olhamos para o lado. Nos preocupamos com a aparência externa, enquanto deveríamos nos atentar às melhorias internas. O objetivo deveria ser nos tornar indivíduos melhores, cidadãos mais evoluídos, ao invés de parecermos superiores apenas. É muita aparência para pouca essência. No final, sobram os discursos genéricos e ocos, sem movimento e sem atitude.

Mudo de opinião como quem muda de roupa. Se nem eu me entendo, como pode alguém saber tudo de mim?

Mudo de opinião como quem muda de roupa. Se nem eu me entendo, como pode alguém saber tudo de mim?

É inadmissível a ideia de que uma pessoa julgue me conhecer e tenha a autoridade para me definir e saber das minhas vísceras só porque ela sabe o meu signo. Me dá vontade de perguntar: Você não quer que eu passe um café, que te conte um pouco da vida? Não. Ela não quer. Já me classificou, me pôs na prateleira dos que são assim e assado. Não há o que eu faça ou fale ao meu respeito. Nada a fará mudar de opinião sobre mim.