Se Heavy Metal fosse um gênero literário, esses seriam os livros

Se Heavy Metal fosse um gênero literário, esses seriam os livros

Assim como heavy metal, a literatura pode usar trajes obscuros, dar berros que rasgam a alma e ser rodeado de uma atmosfera aterradora. Os refrões, ao contrário de outros gêneros como o sertanejo, não são pegajosos e melodramáticos, mas viscerais e arrancam de dentro de si toda a essência de vida e de morte. Ozzy Osbourne, se lesse um livro de heavy metal, pediria uma pausa para um chá. Essas histórias não tocam no fundo da alma, elas rasgam o assoalho, incendeiam o porão emocional e ainda deixam um bilhete sobre o caos humano. Como o som, são brutais.

Aqui, a literatura não caminha, ela tropeça em cadáveres simbólicos, desliza em sangue metafórico e, vez ou outra, acende um cigarro diante do abismo. São histórias para quem teve um dia ruim e pensou: “f0d4-s3! vou mergulhar de ponta cabeça nesse apocalipse moral”. Algumas obras parecem escritas com tinta, outras parecem escritas com pólvora. Em comum, todas compartilham a mesma vontade de explodir qualquer ideia romântica que você ainda possa ter sobre a natureza humana. Nelas, não há heróis. Só sobreviventes, psicóticos, homens sem destino e com muita sede. Sede de ruína.

Se você acha que a comparação com o metal soa exagerada, vale lembrar que essas obras não apenas gritam verdades incômodas, elas berram como se estivessem no palco de um festival onde a dor é a atração principal. São livros que deixam hematoma. Ao final de cada um, não há alívio, há catarse. São narrativas para quem não quer se distrair, mas ser arrastado para dentro da lama com estilo. Se você encara a leitura como um mergulho na alma humana, aqui esse mergulho é sem boia.

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.