Séries

Sete produções da Netflix lançadas em 2025 já se destacaram pela variedade de gêneros e pela solidez narrativa. Do drama juvenil britânico filmado em plano-sequência à recriação histórica da aristocracia italiana, passando por comédias culturais e denúncias sociais, cada título encontrou espaço próprio e consolidou debate público. A plataforma, que busca equilibrar apelo comercial e relevância artística, demonstra com essas estreias uma disposição de ocupar o ano com séries que dialogam com questões contemporâneas e que reforçam a imagem de diversidade criativa.

Na vastidão da experiência humana, pairam a brutalidade da morte, a fraqueza do corpo, a resistência da alma, os desejos, uma identidade em permanente conflito e a culpa, tudo remexido pelas mãos impiedosas da natureza. Nas três séries que recomendamos, fica evidente a inclinação ao animalesco que tem a nossa espécie, tentando dominar sua cólera. Até que a lei da selva impõe-se.

Entre uma avalanche de estreias esquecíveis, quatro séries da Netflix conseguiram o impensável: somar 45 Emmys sem perder o risco, o tom e a identidade. “Bebê Rena”, “The Crown”, “O Gambito da Rainha” e “Ozark” não apenas conquistaram a crítica, mas permaneceram onde tantas outras desbotam: na memória, na discussão, na estética. São obras que não pedem favor nem perdão. Não foram feitas para agradar. Foram feitas para contar. E contaram tão bem que até a Academia parou para escutar.

Há histórias que não precisam de reviravoltas para marcar. Bastam um olhar quieto, uma pausa longa, uma presença que não se explica. Algumas séries não gritam, nem correm — elas escavam. A solidão nelas não é melancolia de vitrine, mas processo vivo de escuta. E o autoconhecimento não vem como lição, mas como desconforto inevitável. São narrativas que não pedem plateia, pedem coragem. E quem assiste com atenção entende logo: nem todo silêncio é vazio. Às vezes, é ele quem revela o que ainda pulsa por dentro.

Cinco séries recém-lançadas nas plataformas de streaming chegaram com um tipo raro de apelo. Não são apenas bem escritas ou dirigidas. Tocam uma camada sensível da experiência cotidiana e se impõem com a força silenciosa do afeto e da perturbação. Impossível vê-las sem sentir algo rearranjado por dentro. Elas não gritam, mas também não passam despercebidas. E talvez seja justamente isso que as torne perigosas. Quando se percebe, já é madrugada, o corpo está imóvel no sofá e o mundo real parece uma distração incômoda.