Raphael Montes: o autor como produtor na era digital Thais Alvarenga / Site Oficial

Raphael Montes: o autor como produtor na era digital

O escritor Raphael Montes incomoda muita gente. Pode ser comparado à imagem do bode no meio da sala. O desconforto está presente em circuitos literários e intelectuais, onde se defende a existência de guardiões da linguagem, distantes do ruído dos algoritmos e das hashtags. Montes rompe com essa imagem, usando método, lucidez e certo deleite. Com apenas 34 anos, oito romances e mais de 1 milhão de exemplares vendidos, ele é um best-seller e um sintoma do estado de coisas.

O suspense que revelou Edward Norton ao mundo — e é considerado um dos mais inteligentes da história, está na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

O suspense que revelou Edward Norton ao mundo — e é considerado um dos mais inteligentes da história, está na Netflix

“As Duas Faces de um Crime”, dirigido por Gregory Hoblit em 1996, apresenta-se como um thriller jurídico tradicional, mas é mais ambicioso do que sua forma inicial sugere. Baseado no romance homônimo de William Diehl, o filme utiliza o tribunal não como espaço de justiça, mas como arena de encenação moral. É ali que o espectador assiste a uma sequência de performances tão convincentes quanto perturbadoras, onde as categorias de certo e errado são constantemente desmontadas. Nada é confiável, nem o que se vê, nem o que se diz.

5 tesouros esquecidos na Netflix Divulgação / Netflix

5 tesouros esquecidos na Netflix

Alguns tesouros cinematográficos receberam aclamação, arrancaram elogios do público e ganharam destaque durante um bom tempo. Depois, acabaram empurrados cada vez mais para o fundo das prateleiras da Netflix, até sumirem de vez. Nesta lista, ressuscitamos algumas dessas produções de ouro que não merecem ficar esquecidas. Pelo contrário: merecem ser relembradas e redescobertas. São obras tão boas que deveriam estar emolduradas, mas, por algum motivo, acabaram empoeiradas.

Entrevista infernal com Ozzy Osbourne, o Príncipe das Trevas

Entrevista infernal com Ozzy Osbourne, o Príncipe das Trevas

Missão dada, missão cumprida. Numa noite comprida, desci aos infernos para entrevistar o cantor Ozzy Osbourne. O editor — aquele demônio! — sacou a arma no saloon e me deu um tiro pelas costas, requisitando que eu me virasse nos trinta para conseguir uma entrevista exclusiva com o roqueiro inglês, recentemente desencarnado. Mais sorumbático do que um político com tornozeleira eletrônica, mesmo falecido, juntei os petrechos cristãos dentro de uma surrada mochila — alho, crucifixo e uma foto do Padre Marcelo antes de usar bomba — e vazei para as profundezas do inferno mais rápido do que o evacuar de um ganso.

O autor que escreveu só dois livros, foi assassinado e influenciou Borges, Nabokov e Philip Roth

O autor que escreveu só dois livros, foi assassinado e influenciou Borges, Nabokov e Philip Roth

Bruno Schulz foi morto com um tiro pelas costas numa rua esquecida da Galícia ocupada. Levava nos braços um envelope que talvez contivesse “O Messias”, o romance inédito que nunca será lido. Mas o essencial sobreviveu. Autor de apenas dois livros curtos, ele moldou uma linguagem que se dobra no tempo, que delira em torno da memória e que ecoa em autores como Roth, Tokarczuk e talvez até Borges. Setenta anos depois, sua ficção continua escapando de classificações. Como se fosse feita não para durar, mas para assombrar.