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Em “Golpe de Sorte em Paris”, Woody Allen retorna ao universo das decisões éticas encobertas pela rotina elegante da alta sociedade. Ambientado em uma Paris visualmente irretocável, o filme transforma um triângulo amoroso em uma investigação silenciosa sobre desejo, culpa e poder. Com ironia contida, rigor formal e ecos de seus melhores dramas, Allen constrói um thriller moral que caminha entre o acaso e a deliberação, reafirmando sua maestria no desconforto.

Woody Allen construiu uma filmografia inconfundível, equilibrando ironia, existencialismo e uma visão mordaz sobre os dilemas humanos. “Golpe de Sorte em Paris” continua essa tradição, mas com nuances que o diferenciam de suas produções anteriores. A trama, ambientada em uma Paris outonal capturada com esmero por Vittorio Storaro, flutua entre romance e suspense, evidenciando que, mesmo após décadas de carreira, Allen mantém sua destreza narrativa. Ainda que não alcance o brilho de seus clássicos, o longa confirma a habilidade do diretor em transformar situações corriqueiras em intrincados jogos morais e emocionais.