Crônicas

Fere-se mais com as palavras do que com os punhos

Fere-se mais com as palavras do que com os punhos

Era tarde avançada. Chovia. Nos olhos dela, tempestades. Eu me sentia esgotado. Ela parecia devastada, conduzida até ali por uma espécie de força extravagante advinda de outro mundo. Nunca sofri de superstições, então, relevei a pressa de ir embora. Ofereci a ela os ouvidos com esforço legítimo e desprendimento samaritano. Justo eu que, de santo, só padecia daquele olhar estático e melancólico. Cara de paisagem era o que diziam.

Esqueça os contos de fadas. A vida real é um conto de falhas

Esqueça os contos de fadas. A vida real é um conto de falhas

Sabe aquela história da princesa que foi resgatada no alto da torre pelo príncipe encantado e foram felizes para sempre? Conversa para boi dormir. A gente cresce ouvindo sobre um mundo perfeito, até o dia em que encaramos a realidade e nos damos conta de que a vida não é um conto de fadas. Pelo contrário, ela está mais para um conto de falhas. E o que fazer quando descobrimos que o “felizes para sempre” de fato acaba ou simplesmente não existe? Ora, aprender a viver com menos romantismo e mais ceticismo, com menos idealização e mais evidências.

“Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito”

“Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito”

Ainda que não possamos evitar a raiva porque tudo deu errado, é nossa escolha não se acorrentar a ela. Não dá para negar a sensação de incômodo ao sermos invadidos, mas podemos dizer não e delimitar nosso espaço. Não é possível arrancar a mágoa fincando sobre o peito as unhas, mas é oportuna a escolha de perdoar. Não há virtude que nos faça enviar para a China o sentimento de incerteza quando a vida nos convida a decidir, mas é escolha não nos apegar ao que foi perdido e estar em sintonia com o que ganhamos.

A culpa é sempre do estagiário: um texto pra quem sabe os altos e baixos de sobreviver a um estágio

A culpa é sempre do estagiário: um texto pra quem sabe os altos e baixos de sobreviver a um estágio

Após percorrer a cidade para distribuir cem currículos e roer todas as unhas à espera de uma entrevista, conseguir o primeiro estágio é lançar-se num rito de passagem. Deixa-se de ser calouro “barriga-verde” da faculdade, para tornar-se um veterano legítimo, exalando superioridade, descolamento e um leve ar de deboche pelos mortais que ficaram para trás. Até porque, em tempos de crise e faculdades hiperinchadas, há algo de heroico em quem consegue um “trampo” congruente com a área estudada.

Se o amor te pegar, renda-se!

Se o amor te pegar, renda-se!

Talvez o amor seja porto de partida, talvez ele seja ponto de chegada. O amor, para alguns, é como flor arrancada; para outros, tão resistente como uma rocha. Alguns dizem que o amor é eterno, outros dizem que ele é o momento. O amor pode ser o sol que aquece e depois queima, a chuva que lava e depois esfria. O amor pode ser tudo e, depois, nada. Talvez o amor seja mesmo um dia depois do outro, ou talvez ele seja agora. Talvez esse amor fique em sua morada, talvez ele esteja só de passagem.