A oficina do diabo
Mais do que mirá-lo, uma página em branco latia-lhe sem pistas de decifração, prestes a devorá-lo: “E agora, o que vai ser, caro escritor? Somos apenas eu, você e essa baita falta de inspiração”. Não tinha um osso para atirar a si mesmo. Por um instante, amofinou-se, desistiu de escrever. Abriu os jornais e se banhou de sangue. Ligou a TV onde um padre de chapéu branco e calça colada vendia colchões magnéticos. Chorou o mais alto que pode, mamãe não escutou — morrera de desgosto. Tentou rezar, só que Deus não acreditava mais nele. Restava se afobar.