Autor: Karen Curi

Pior do que o amor que acaba é o amor que vira do avesso

Pior do que o amor que acaba é o amor que vira do avesso

A gente ama. Ama loucamente. Com todos os poros e células, com cada gota de sangue, de suor e lágrima. Ama com unhas e dentes. Ama tudo de alguém, assim, sem porquês, sem saída ou explicações convincentes. Encontra o amor para perder a razão, o discernimento, o senso comum e tantas outras coisas. Quando nos lançamos à sorte daqueles que amam, raramente nos protegemos das intempéries. Acontece que, às vezes, o amor é marquise, outras, tempestade em alto mar.

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios”

É, minha gente. A vida é mesmo assim. Não tem replay, não tem segunda chamada. Viver é tudo aquilo que não conseguimos repetir. É o olhar que muda a todo instante, a paisagem que se compõem e decompõe, o sol que nasce diferente em cada amanhecer. Viver é dar o primeiro passo o tempo todo. É o movimento constante que nos diferencia de outras épocas e a razão pela qual não seremos os mesmos lá adiante. Esse é o grande barato da existência: o recomeço em cada piscar de olhos.

Estar sozinha não faz de você uma pessoa solitária. A pior solidão é não encontrar a si mesmo

Você sai de casa para fugir da solidão. A própria companhia começa a te incomodar. Não tem posição, o ar ficar denso, nada agrada. Já conhece todos os seus pensamentos e os monólogos já não trazem novas ideias. Você se cansa das suas manias e das suas preguiças. Por isso compensa com andanças desnorteadas e atividades inúteis. Se você não tomar uma atitude, neste exato momento, será engolida pelo sofá, e cuspida, quem sabe, só no dia seguinte. Se ficar aqui, ao amanhecer estará mais cansada, mais desmotivada e, inevitavelmente, se sentindo ainda mais sozinha. Está decido. Você vai para a rua porque não suporta estar só.

Não existe Botox para o vazio existencial

Não somos nada nem ninguém sem consumir. Você já parou para pensar nisso? Vivemos numa sociedade de consumo, disso todos nós sabemos. Acontece que a nossa ânsia por obtenção palpável se estendeu até os desejos mais íntimos. Não adquirimos por ímpeto apenas roupas, sapatos, objetos. Nós consumimos sentimento, gente, sexo, prazeres, tempo. Tudo. Parece que sem consumo não existe vida. Nem bem estar. Nem alegria. Nem amor. Nem nada.