Autor: Eberth Vêncio

A tristeza mata mais do que o Coronavírus

A tristeza mata mais do que o Coronavírus

A geografia das tragédias humanas confunde o itinerário no meu coração, que bate de tudo quanto é jeito, que pulsa para tudo quanto é lado. Minhas tardes sangram para o lado que nariz aponta, ou seja, para o nada. 2020 está marcado pelas perdas e pelos desencontros; um ano que jamais será esquecido, que nem a Tragédia de Sarrià, em 1982.

Que os detratores de iniquidades nunca se calem

Que os detratores de iniquidades nunca se calem

É tudo verdade. Eu descia a Detratores da Pátria. Parei num semáforo, na altura do cruzamento com a Caminhos Cruzados. O rádio tocava Queen. De repente, um carro parou sobre a faixa de pedestres, bloqueando a minha passagem. O motorista saltou com uma arma em punho. Pensa-se rápido nessas horas.

O primeiro casamento gay a gente nunca esquece

O primeiro casamento gay a gente nunca esquece

Ambiente limpo. Cheirinho de flores do campo. Feijoada no fogo. Chope gelado. Almoço para 60 talheres. Cerimônia íntima, foi o que me disseram, só para “os mais chegados”. Não sabia que alguém se achegasse tanto a mim, a ponto de me convidar para um evento tão crucial quanto um matrimônio ou um fuzilamento. Não tinha padre. Não tinha pastor. Não tinha culto ecumênico, nem rissole frio.

Tarde demais para ser triste

Tarde demais para ser triste

Quando voltar a chover. Quando a vacina chegar. Quando sair aquela promoção na empresa. Quando o amor vier. Quando a gente se casar. Quando fizermos neném e ele chutar a sua barriga. E se for uma menina? Quando der os primeiros passos. Quando tirarmos os pés da lama. Quando o Dalai Lama desencanar com a humanidade.