15 músicas sertanejas que você não precisa ter vergonha de ouvir

15 músicas sertanejas que você não precisa ter vergonha de ouvir

Para ser artista, antigamente, era necessário uma coisa em desuso chamada “talento”. Por mais que a retórica promocional o utilize de disfarce, o indispensável mesmo, hoje, é ser cara de pau. Não é ofensa: cara de pau é quem não tem vergonha de apelar pra fazer sucesso. Senão, vejamos uma amostra e cada um tire suas conclusões: “A cerveja eu já tenho, quem vai me dar o b…” (Gino e Geno). A mensagem subliminar é clara: se não vulgarizar não emplaca. A música, sobretudo, é campo fértil para a esterilidade dominante nas rádios, festas e programas de auditório. Admite-se que é animado; mas, para suportar ouvir, em sequência, é preciso estar com algum problema de audição.

O critério dessa gente (empresários e produtores, sobretudo) é fazer ruído, barulho. É óbvio que as duplas obrigadas a se enquadrar, que fazem sucesso, não dão a mínima: o negócio é fazer “o que a galera gosta” e ganhar rios de dinheiro, com suas letras francamente debiloides e notas paupérrimas. Está provado que o sucesso é proporcional às besteiras que se diz: quanto mais estúpido, maior o estrelato. Já não é necessário construir uma obra, desde que se emplaque um refrão por temporada.

Não, não seria razoável que a música atual, de linhagem pretensamente sertaneja, fosse feita como em décadas passadas. O desejável é que, sendo atual, fosse também feita com a qualidade do passado. Pois a música sertaneja é uma das expressões culturais mais puras do Brasil, e devemos reverenciá-la como parte elementar de nossa identidade social, em particular das regiões Centro e Sudeste do país. Deu ao nosso acervo musical obras-primas e uma quantidade expressiva de clássicos. E pelo menos duas dessas quinze canções, “Luar do Sertão” (de Catulo da Paixão Cearense) e “Folia de Reis” (de Bariani Ortencio), pertencem já a outra categoria: a da oração. Realmente, “coisa mais bela neste mundo não existe.”

Embora consenso não seja unanimidade, segue, portanto, na voz de intérpretes de primeira (a única exceção é o lindíssimo solo acordeônico de Zé Bettio), um pequeno tributo aos mestres da música sertaneja.