Mulheres, revejam suas dietas! A vida é muito mais do que ter um corpo perfeito

Mulheres, revejam suas dietas! A vida é muito mais do que ter um corpo perfeito

Eu tinha 12 anos quando comecei a fazer dietas para emagrecer. Naquela época, já acompanhava as revistas que diziam: “Elimine 8 kg em 15 dias”, “Siga as tendências da moda” e “Como ficar magra em uma semana”. Admirava as atrizes que faziam sucesso com seus corpos finos e esculturais. Ao me olhar no espelho, odiava as minhas pernas grossas. Queria ser mais alta e que o meu quadril não fosse largo.

Nem adiantava as pessoas me elogiarem, eu não acreditava. Porque bonita era a modelo da foto, linda era a protagonista da novela e invejável era a magreza de quem nascera com essa virtude. Assim, durante anos, iniciei e interrompi infinitas dietas. Sabia de cor as dietas da sopa, da lua, do ovo, do suco e da proteína. Conheci a fraqueza dos jejuns prolongados e a compulsão por doces que quebravam esses longos períodos sem comer. Consegui ficar magra e, depois, gordinha; voltei a emagrecer, e, então, adquiri novamente todo o peso (e mais) que tinha perdido.

A obsessão pela magreza acompanhou-me por muito tempo. Parecia que o sucesso, em qualquer esfera da vida — pessoal, familiar ou profissional — sempre esteve relacionado ao meu corpo, ao tamanho da minha bunda e à imagem que eu via no espelho: se não estava magra, ainda não estava tudo perfeito. E, se não estava tudo perfeito, eu me isolava. E sofria. Até que um dia, finalmente, eu acordei desta solidão (escravidão): parei de fazer dietas.

Ana é uma mulher como eu e como tantas outras. Ela nunca foi gordinha, mas sempre quis ser magra. Perdeu muito peso para se casar. Passada a lua de mel, o vestido do casamento nunca mais lhe serviu. Depois da primeira gestação, o ponteiro da balança se afastava cada vez mais da sua meta. Mas, paradoxalmente, ela estava sempre de regime.

Essas são histórias que se repetem ao longo dos anos. Meninas reais se tornam mulheres iludidas por uma perfeição que não existe. Elas não percebem que a “barriga negativa” editada no Instagram é irreal, e que a felicidade prometida se atingirem a meta (geralmente impossível) proposta pelas personagens (que vendem produtos e dietas da moda) nas redes sociais é falsa.

Mesmo assim, a nossa sociedade ainda cultua o corpo perfeito e, por isso, as pessoas ficam excessivamente preocupadas com a imagem e a estética. Entretanto, a infelicidade, a baixa autoestima e a sensação de fracasso estão diretamente atreladas às suas fantasias; ao não atingirem o “peso ideal” e o “padrão proposto” pela mídia, essas mulheres acabam entrando num processo depreciativo de si mesmas. Foi o que aconteceu comigo. É o que acontece com Ana. E com Bia, Cláudia, Daniela, Elisa, Fernanda, Joana, Patrícia e Tatiana.

Porém, nós — meninas, moças e mulheres — somos altas e baixas, retas e curvilíneas; temos muito e pouco peito; nossos narizes são grandes e pequenos; os cabelos, lisos e crespos; e a pele, de vários tons. Somos tão diferentes que não precisamos ser todas iguais. Não temos que seguir um “padrão”. Não devemos ser escravas do sistema da perfeição!

Hoje, vivo em paz com umas estrias aqui e algumas celulites ali. Como de tudo, mas sempre com atenção (e não mais neurose). Pratico exercícios físicos. Cuido da minha mente. E, assim, vou adquirindo mais força e equilíbrio para continuar lutando contra as dores e incertezas da vida.

É por isso que eu digo: Mulheres, parem de fazer dietas malucas. Olhem além do espelho… E, principalmente, além dos padrões impostos. Afinal, a vida é muito mais do que ter um corpo perfeito.