Toda mulher tem um pouco de Bridget Jones

Toda mulher tem um pouco de Bridget Jones

Quando as mulheres da minha geração tinham entre 20 e 30 anos, foi lançado o filme “O Diário de Bridget Jones”. Na época, ganhei da minha melhor amiga da faculdade o livro que deu origem ao longa-metragem, e ele continha a seguinte dedicatória: “Rê, no final da história as coisas vão dar certo, não vão?”.

Bridget Jones vivia em conflito com a balança porque nunca estava satisfeita com o seu peso. Era independente financeiramente, mas ainda não tinha encontrado a sua independência emocional. Possuía baixa autoestima quando o assunto era relacionamento. Mas, apesar de cada confusão em que se metia, ela não perdia o seu bom humor. Foi essa personagem que conquistou o coração de tantas mulheres da minha geração, por nos mostrar que o mundo estava cheio de Bridgets.

Recentemente, fui com duas amigas assistir ao terceiro filme da sequência: “O Bebê de Bridget Jones”. Todas as mulheres que acompanharam Bridget Jones desde o início são, agora, da geração entre os 30 e 40 e poucos anos: elas estão mais maduras. Algumas delas continuam solteiras, adoram viajar e conhecer gente nova. Outras se casaram, tiveram filhos e cuidam da casa enquanto o marido trabalha fora. Há as que conciliam o lado profissional com a maternidade e o casamento. Outras se divorciaram. Tem aquelas que não tiveram filhos. Algumas mulheres fizeram faculdade e não exerceram a profissão. Outras estão no auge da vida profissional. E tem aquelas que querem largar o emprego para começar uma nova aventura.

Todas têm histórias amorosas para contar (algumas engraçadas, outras, nem tanto). Elas fazem parte da geração que, ao nascer, já trazia em sua bagagem emocional a revolução feminina causada pela pílula anticoncepcional: o sexo não serve somente para a reprodução. Aprenderam a transar para ter prazer. Também aprenderam a dizer “não” quando não estão a fim.

Elas consideram que estão na melhor fase da vida. As rugas da existência lhes ensinaram que somente a experiência traz maturidade. Elas erraram, perderam e choraram. Mas, também, elas souberam rir das confusões em que se meteram. Hoje, reconhecem seus desejos e culpas. Ainda têm seus momentos de confusão, quando as dúvidas aparecem e elas não sabem se vão ou se ficam, se gritam ou se se calam. Então, aprenderam a curtir esses períodos conturbados fechando-se ao mundo lá fora para colocar as ideias no lugar — acompanhadas de uma garrafa de vinho ou de um pote de sorvete.

Na saída do cinema, minhas amigas e eu tínhamos um outro filme rolando em nossas cabeças. Era o filme das nossas vidas. Relembramos nossos altos e baixos, os amores e os desamores, as vitórias e as perdas. Rimos. Trocamos abraços carinhosos. E nos despedimos com uma sensação de leveza no coração: sim, no final das contas, tudo acaba dando certo.