Adote um cão. A sua vida nunca mais será a mesma

Adote um cão. A sua vida nunca mais será a mesma

Certa vez, tirei umas férias e fui passar alguns dias na casa dos meus pais. Quando cheguei, avistei minha mãe e minha irmã sentadas na calçada da garagem. Junto delas, tinha um pequeno cão desconhecido. Desci do carro curiosa. O filhote de olhos amendoados era o mais novo membro da família. Seu corpo era todo de pelos pretos, com exceção das patas marrons. O vira-lata lembrava um salsichinha, mas era bem peludo; e ele ainda não tinha nome.

Meus pais, meus irmãos e eu estávamos reunidos na sala de televisão para assistir o primeiro jogo da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo. O pequeno cão também vestia uma roupinha verde e amarela. Antes de começar o jogo, alguém deu a ideia de que o jogador que marcasse o primeiro gol é quem daria o nome ao nosso cãozinho. Desde então, Kaká foi o filho mais novo dos meus pais. Só perdeu lugar pra Luna, a Cocker caramelo que entrou pra nossa família quatro anos depois.

Quem tem cão em casa sabe que a vida nunca mais será a mesma. A gente ganha companhia e a casa fica divertida. Toda vez que voltamos do trabalho, somos recebidos com sincera saudade. Ganhamos lambidas no rosto e mordiscadas no calcanhar. Mesmo cansados, saímos às ruas para os nossos cães batizarem os postes e latirem para o gato do vizinho.

Kaká. Luna. Lola. Punk. Miloca. Milu. Fred. Azeitona. Marajá. Bud. Brahma. Maradona. Pelé. Ronaldinho. Baby. Espoleta. Floquinho. Isis. Ivete. Samy. Tobby. Ulisses. Ozzy. Sebastian. Quindim. Whisky. Lady. Mel. Totó. Alfredo.

Quando você tiver um cão, ele não se importará com o nome que você der a ele. O bichinho te amará pelo simples fato de você tê-lo escolhido. Ele assistirá partidas de futebol contigo e latirá quando você vibrar com o gol do seu time. O cão estará ao seu lado independentemente do seu humor. Naqueles dias em que desejar ficar só, ele estará contigo compartilhando o teu silêncio.

Acontece que algumas pessoas não merecem a companhia de um cão. Outro dia, tarde da noite, da minha sala, ouvi angustiada o latido que vinha de algum prédio vizinho. Levantei e abri a porta da sacada. O choro de abandono ficou ainda mais alto, mas não consegui visualizar o cão que sofria. No dia seguinte, o bichinho soltava uivos intermitentes. Somente à noitinha ele ficou em silêncio — os donos voltaram, pensei.

É compreensível deixar os animais em hotelzinho, com um parente ou combinar com alguém para ir a sua casa todos os dias enquanto você estiver fora. Mas é inaceitável abandonar um cão dentro de casa sozinho.

O cão é um membro da família. Ele te espera todo dia no portão. Repete toda manhã a rotina de buscar o jornal contigo na frente da casa. Fica na porta do banheiro enquanto você toma banho. E sabe que você irá viajar quando vê sua mala aberta em cima da cama — é quando ele começa a fazer cara de coitado e a andar com o rabo baixo.

Adote um cão, é tudo de bom. Você não irá se arrepender, mesmo quando ele roer os seus chinelos e roubar a sua comida. Mas, atenção: só faça isso se ele merecer a sua companhia.