A adorável arte de tropeçar nos próprios pés e ser sutil como um elefante

A adorável arte de tropeçar nos próprios pés e ser sutil como um elefante

Seu corpo vive coberto por manchas roxas que você não faz ideia de onde vieram? Seus braços são tão coordenados quanto os tentáculos de um polvo bêbado e desgovernado? Sua risada transcende todos os decibéis existentes? Você não compreende como consegue tropeçar nos próprios pés ao caminhar sobre um chão absolutamente plano e nada escorregadio? Parabéns! Você pertence ao sagrado clube das pessoas desajeitadas.

A boa notícia é que suas marcas estão por todo lugar! A má notícia é que essas marcas são copos quebrados, farelo de comida espalhado, canetas e clips no chão, pinos de brinco perdidos e pessoas curiosas para compreender que diabos você fez para viver por tantos anos mantendo todos os membros inteiros.

Geralmente esse afobamento físico vem com um brinde maravilhoso: a falta de noção para medir palavras. Você acha que está sendo meigo e delicado quando, na verdade, ostenta a sutileza de um elefante ao fazer suas colocações. Certamente algumas pessoas lhe torcem o nariz sem que você sequer saiba o motivo. Acredite: é provável que elas tenham alguma razão concreta, embora isso lhe fuja absolutamente à compreensão. Afinal, o que tem demais em dizer que aquele corte de cabelo conferiu um toque a la Maria Bethânia? Qual é o problema em admitir que trocará aquele presente, pois ele tem absolutamente nada a ver com você, não é mesmo? É tudo tão normal! Aqui vai uma dica preciosa: se, em uma roda de pessoas, todos os membros ficam calados demais sempre que você toma a palavra, desconfie. Se vir sorrisinhos amarelos e olhares ansiosos, mais ainda.

De alguma forma, no entanto, é provável que tudo isso tenha lá algum charme. Nem todo mundo consegue dar uma risada estridente e imitar um alegre porco ao final! Além disso, que graça teria a vida de seus amigos se não o pudessem zoar eternamente, rememorando cada uma das ratas magníficas proferidas nos momentos mais inadequados? Viver ao seu lado é uma aventura eterna. Vamos combinar: as melhores histórias de vida (depois que passam!) são também as mais embaraçosas e você costuma ser o causador da maioria delas.

Talvez a tela de seu celular esteja rachada neste momento e sua coxa direita ostente um enorme hematoma que transitará por uma intensa cartela de cores antes de sumir. Talvez ainda, desligado que é, você recentemente tenha esquecido o aniversário de um amigo querido. Mas quer saber? Tudo bem. Nada que rir de si mesmo e aceitar a condição elefantoide dessas ações não resolva. Além disso, a frágil convivência em sociedade já mostrou que, por mais desajeitado que se seja, há espaço para cada um no coração daqueles mais compreensivos. Um brinde (com copo de plástico!) aos sutis e divertidos elefantinhos.