A vida é muito curta para que fiquemos brigando. Deixe o amor entrar

A vida é muito curta para que fiquemos brigando. Deixe o amor entrar

Quem está mais morto? As pessoas que estavam no World Trade Center no “11 de Setembro” ou os civis atacados por drones norte-americanos no Oriente Médio? Os jornalistas que trabalhavam na Síria, os militares enviados para lutar contra extremistas islâmicos sanguinários ou as vítimas dentro do jornal “Charlie Hebdo”?

Está todo mundo morto! E nós morremos por dentro toda vez que acontece um novo atentado terrorista. Quem me dera, ao menos uma vez, compreender o incompreensível e engolir o abominável. Se alguém pudesse me explicar o que ninguém consegue entender!

Quando estava no colégio, ficava pensativa ao estudar meus livros de História; era necessário aprender a história do Brasil, mas era triste saber quantos índios foram mortos no descobrimento do país e quanto terror a Escravatura proporcionou ao povo negro. Porém, me conformava ao imaginar que toda brutalidade que aprendia sobre guerras e ganância nunca mais aconteceriam. Tanto sangue derramado por causa de disputas de poder, de terras ou questões religiosas eram coisas que a gente lia somente naqueles textos daqueles povos que ainda não tinham evoluído. Essa é a vantagem de ser inocente, você aceita o desamor e a crueldade com a esperança de que nunca mais se repetirão.

Eu tive uma professora, a Magda, que trazia os personagens para dentro da sala de aula. Sentada sobre a mesa dela, virada para os alunos e usando o seu “All Star” vermelho de cano alto, ela gesticulava com vontade e elegância enquanto eu via o D. Pedro gritar “Independência ou Morte!” às margens do Ipiranga. E a lição de casa era grifar as palavras mais importantes nos textos do nosso livro.

Quando a gente cresce, a inocência fica perdida entre as linhas das fantasias que criávamos na escola. Assim como nos perdemos num mundo cheio de arrogância e inveja, onde pessoas estão cada vez individualistas e preocupadas com o próprio umbigo. Assistimos a essas notícias de terror e somos levados a desacreditar na humanidade.

Talvez, para acreditarmos outra vez que na luta entre o Bem e o Mal quem vence é a bondade, precisamos invocar a pureza com que as crianças imaginam a vida. Para, então, realmente sermos bons e termos intenções honestas contra o desamor. Só espalhando amor conseguiremos anular a maldade no coração do ser humano.

Depois de 20 anos, minha professora de História voltou para minha vida. A simplicidade e a alegria do seu jeito de ser me inspiram a refazer a lição que ela me ensinou. Volto pra escola num sonho em que o mundo é bem melhor para se viver, um lugar onde encontraremos o melhor de nós mesmos.

Já há tanta gente chata e egoísta, somos rodeados de notícias ruins o tempo todo, miséria por toda parte e violência em cada esquina; vamos pular essa página! Precisamos nos inspirar no amor ao próximo e trocar gentilezas, aprender a respeitar as nossas opiniões discordantes e não nos odiar nem nos matar por causa disso.

Assim, vou trazer a aluna do colégio de volta pra mim, porque é só ela que me entende do início ao fim. Vem para pegar esse livro de História que é a vida onde grifaremos com nossos olhos somente o que for bondade para sobrevivermos a esse mundo doente.

Vamos criar um lugar onde podemos continuar acreditando, onde não há mais guerras estúpidas e nosso único grito com nossos lápis em riste será LIBERDADE!

Je suis la poésie.