A incrível entrevista de Bono, da banda U2, à Revista Bula

São Paulo, 25 de outubro de 2017. De tempos em tempos, eu espichava o pescoço, mirava o céu paulistano. O medo era da chuva, quem diria, logo ela, tão querida e esperada na maior parte do território nacional por causa da longa estiagem. A bronquite asmática andava me deixando mais covarde do que o habitual. Eu fora enviado pelo meu editor (nem me perguntem por que; desde que um gafanhoto pousara no ombro de Paul McCartney durante um show em Goiânia, ele vinha me tratando de maneira mais condescendente e amigável) para fazer a cobertura daquele que seria o último espetáculo da turnê mundial The Joshua Tree, o quarto da banda U2 na capital paulista.

Eu caminhava ansioso pela pista do Estádio Morumbi, tomando sereno na calva e aquelas gotinhas homeopáticas para expandir os pulmões, enquanto Noel Gallagher, ex-integrante do Oasis, juntamente com seus High Flying Birds, surravam o pau, ou melhor, os instrumentos, aquecendo a plateia que já lotava o estádio. Sei que vocês não vão acreditar, mas, mesmo assim, vou lhes contar como cruzei com o líder e vocalista do U2.

Notei que um sujeito baixinho, trajando calça e jaqueta de couro pretas, com uma cabeleira de tom acaju que mais parecia uma juba leonina, só que besuntada com gel, usando um óculos com aro circular bem ao estilo John Lennon, caminhava ao meu encontro. Sim, era ele, Bono. Suponho que vocês saibam que o cantor tem o hábito circular de surpresa entre os fãs para saber o que é que tá rolando antes do som espocar. Mais rápido que o evacuar de um cisne num lago de Dublin, abordei o carismático pop-star irlandês, apresentei as credenciais e supliquei por uma rápida entrevista, ali mesmo, na pista do Morumbi, atrás de uma enorme torre de som.

Bono, que entornava uma cerva pelo gargalo, ficou tocado com o apelo, percebeu que eu andava depauperado, que meu peito chiava mais do que um ninho de gatos esfomeados, então, conversou comigo por longos cinco minutos. Compartilho com vocês, leitores de fé, em primeira e única mão, a rápida entrevista que, por mero acaso, num baita golpe de sorte, o cantor Bono me concedeu, à capela, numa noite que tinha tudo para chover, mas não choveu, a não ser, lágrimas de emoção ao presenciar um dos melhores shows da minha vida, um inesquecível espetáculo de som e imagem que me fez recuperar o fôlego sem sequer usar a bombinha.

Bula — Como você ainda encontra motivação para se manter na estrada fazendo shows com os seus amigos do U2, ao longo de uma carreira que já dura mais de 30 anos?

Bula — Este ano, o U2 fez quatro shows em São Paulo, cujos ingressos se esgotaram, instantaneamente, em vendas-relâmpago pela internet. Qual o seu sentimento ao se deparar com estádios lotados, como hoje aqui no Morumbi?

Bula — Mais de uma vez, você já declarou a sua admiração pelo Brasil e pelos fãs brasileiros do U2. Como você se sente ao saber da situação política do nosso país e das denúncias de corrupção na esfera governamental que parecem não ter fim?

Bula — Temer, Trump, Putin, Kim Jong-un… Tá feia a coisa no planeta. Seriam estes os Quatro Cavaleiros do Apocalipse?

Bula — Existe um aparente incremento da xenofobia, do ódio e da intolerância racial ao redor do mundo. Como escapar imune a essa onda?

Bula — Qual a sua expectativa para hoje, o último show da turnê The Joshua Tree?

Bula — O que é a vida, sob a ótica de Bono?

Bula — Pra terminar, que tal uma última mensagem para os fãs do U2 aqui no Brasil?